Brasileira que mora nos Estados Unidos conta como teve complicações após o parto do terceiro filho e como superou o trauma
Sou Bacharel em Administração de Empresas e por 20 anos trabalhei na área financeira. Já tinha tentado um e-commerce de roupas que não deu muito certo mas sempre voltava para a área de finanças.
Meu marido fez high school nos USA quando jovem e sempre foi apaixonado pelos USA, em 2019 surgiu uma oportunidade de nos mudarmos para cá, eu nunca tinha morado fora do país, como gosto do “novo”, adorei a ideia e assim em 2019 nossa resiliente jornada começou.
O destino era Philadelphia, na época éramos quatro, meu marido, eu, minha filha, então com 8 anos e meu menino mais novo de 1 ano.
Aproximadamente 8 meses antes da pandemia começar, aproveitamos muito, conhecemos vários lugares, minha filha então com 8 anos começou a escola e a praticar ginastica rítmica aqui, ela já fazia no Brasil e deu seguimento aqui, aquilo tudo parecia muito magico, as coisas acontecendo, vida caminhando e aí veio a pandemia, eu engravidei e é aí que começa a nossa milagrosa Aventura.
Nós ja tínhamos decidido por “encerrado a fábrica” então quando descobri a gravidez do meu terceiro filho eu fiquei em choque pois, nosso seguro de saúde não cobria obstetrícia e as notícias sobre a pandemia eram as piores possíveis.
Eu descobri muito cedo a gravidez e logo no começo tive um sangramento muito grande e achei que tinha perdido meu bebê. Naquela altura eu já o amava absurdamente portanto quando a médica fez o exame de ultrassom e vimos que ele estava lá, foi de um alívio muito grande.
Durante a gestação eu fiquei muito deprimida. Fronteiras estavam fechadas e não podíamos ver nossos familiares, as consultas médicas eram muito solitárias pois meu marido não podia me acompanhar devido as restrições do Covid. Eu não era fluente em inglês e a cada consulta era um médico ou enfermeiro diferente que me atendia, no entanto o que me deixava feliz era poder escutar as batidas do coraçãozinho do meu bebê em todas as consultas.
O parto do Filippo em Janeiro de 2021 não foi nada fácil, os médicos optaram por cesárea por eu já ter tido duas cesáreas anteriores e por algum motivo a anestesia não saiu como esperava e durante todo parto eu senti muitas dores, sentia as mãos dos médicos mexendo em mim, sentia pressão, sentia como se aquela dor me consumisse e eu não conseguia respirar, eu falava para eles e para o meu marido que estava sentindo muita dor, mas não adiantava, assim que tiraram o Filippo da minha barriga eu lembro vagamente de ouvir meu marido falando sobre como ele era e desmaiei.
Quando já estava no quarto eu sentia dores na minha barriga como se fossem alfinetadas, meu marido falava com a enfermagem e médicos mas eles diziam que era normal por ter sido uma cesárea, enfim, na minha cabeça eu sabia que alguma coisa não estava certa.
Tive alta dois depois, e eu me sentia muito desconfortável, a cesárea por si só já é desconfortável mas estava muito diferente do que das outras vezes, aquela dor de alfinetada ia e voltava e as minhas pernas estavam muito inchadas. No oitavo dia depois do Nascimento do Filippo as minhas pernas ainda estavam bem inchadas, mas como nas gestações anteriores elas também ficavam inchadas eu achei que iria melhorar e esperei. Pensei em ir para uma consulta, porém como estávamos no ápice da pandemia, voltar ao hospital me dava muito receio então resolvi esperar para melhorar, tomava bastante líquido e meu marido fazia massagem nas minhas pernas.
No décimo dia pós-parto logo após amamentar nosso “Pippo”, meu filho do meio estava dormindo e minha filha mais velha fazendo lição e quando coloquei o Filippo no berço eu senti algo molhado escorrendo dentre minhas pernas, então corri para o banheiro, me sentei na privada e quando vi eu estava sangrando, mas sangrando muito e aquilo não parava, gritei para o meu marido e disse “algo está errado, eu não paro de sangrar”, e ali fui perdendo minhas forças. meu marido telefonou para minha amiga que morava bem pertinho e disse: Flávia, venha pra cá pois ela está passando mal e preciso da sua ajuda. Ele ligou também para a emergência. Pouco antes da chegada da Flávia eu desmaiei, meu marido conta que ele me pegou no colo e me levou até a sala, me esticou no chão e nisso minha amiga chegou na minha casa, Flavia era enfermeira no Brasil e teve a ideia de erguer minhas pernas, e quando isso aconteceu e acordei olhei para ela e disse “ mãe é voce?’ e desmaiei mais uma vez, a ambulância chegou, me levaram para a emergência, eu tenho alguns momentos que eu me lembro ate chegar ao hospital pois, acredito que eu acordava e desmaiava enfim não sei. O que me lembro bem é que quando cheguei ao hospital, na hora que os médicos e enfermeiros fizeram minha transição da maca para a cama do hospital, eu abri os olhos e um enfermeiro apareceu na minha frente e disse “fique com a gente” aquela hora eu pensei nos meus filhos e uma dor muito grande me consumiu, eu sentia todas os cortes da cesárea se abrindo e desmaiei mais uma vez.
Comentários